31 março 2010

O Forno, o Feminino e o João Tala

O "Forno..." resultado de uma inspiração que surgiu há 20 anos quando na província da Lunda Norte, o João Tala visittou o Museu do Dundo, onde se deparou com uma escultura em forma de mulher , denominada “Forno feminino”. A estatueta do "Forno feminino" esculpida em barro com contornos de uma mulher, cuja ventre se abria uma cavidade, que segundo a simbologia reprodutiva local, os caçadores acreditavam que a estátua dava sorte e ganhos aos nativos”. 

Eis a homenagem à mulher deste amigo das boas letras, elas merecem pois "O dia é feminino" e "O período feminino". É doce a canção para a mulher doce forno porque ela é para o Tala e o homem "Um semba..." que "...é uma história de mulher".

Para Amélia da Lomba, a mulher linda que apresentou o forno, "... o livro é uma homenagem à mulher em toda sua “dimensão” e ao seu “espírito de sacrifício”. É uma narrativa poética na qual a mulher é o centro da vida, sendo retratada em diferentes facetas como esposa, companheira, musa inspiradora, entre outras qualidades femininas. O “Forno feminino” é um volume constituído por várias poesias sem barreiras e fronteiras, onde os homens também podem se rever. Disse e muito bem, porque nota, ela "Liberta-me do esquecimento, mulher

Ela solta o corpo o texto animal
e frutos avultados.

Quando prontos os frutos
bebo-lhe noites o odor da manada.

A ela devo as coisas mais elementares:
o suspiro libertador
a primeira água e,

o evangelho deste corpo intacto e húmido;
a água acumulada no meu celibato
como o amor no último cuspo."


João Tala nasceu aos 19 de Dezembro de 1959 em Kamweya, província de Malanje, onde efectuou os seus estudos primários e parte do secundário, que concluiu em Luanda. Daí que o poeta não pode deixar de desenhar versos para a "Malanjina"

Vou de camuflado vou imune
visitar a manjina
vou com a ciência dos amantes
não posso esperar
esperas criam cicatrizes
e eu já estou ingurgitado

ela engoliu-me a infância
cabe ainda no cheiro
procuro-a na sombra ou na pedra
onde quer que haja um lugar de leite " 





É uma edição da editora Kilombelombe, da colecção "Os Nossos Poetas" n.º 24. Em conversa aprazível com o editor, homem de cultura e simples no trato, abordamos assuntos a ver com o mercado editorial. A Kilombelombe quer ver angolanos a lerem, Virgílio Coelho ressaltou essa necessidade de cada vez mais haver necessidade de se cultivar os bons hábitos de leitura. A colecção, que conta já com 24 obras, algumas no prelo, tem um rol de poetas talhados na caneta, a destacar as mulheres poetas como Amélia da Lomba com o "Espigas do Sahel", "Nirvana" de Isabel Ferreira e ainda "Na boca árida da Kyanda" de Chó do Guri. 



O Banco de Poupança e Crédito, patrocinadora da Kilombelombe, vai continuar com o compromisso de apoiar os projectos artísticos nacionais, com vista a desenvolver, cada vez mais a cultura nacional. Um exemplo no âmbito da responsabilidade social das empresas. Virgílio Coelho referiu que o BPC, apesar da função comercial, tem colaborado com as editoras e ajudado muitos escritores a lançarem e a promoverem livros.
 

Os amigos e familiares e companheiros de letras do autor acorreram ao hall do BPC. O momento cultural foi abrilhantado pelo músico das raízes, o jovem Wiza. 


Bibliografia de João Tala
Poesia
1. A forma dos desejos, 1997-UEA
2. O Gasto da Semente, 2000-A letra
3. A forma dos desejos II, 2003-Chá de Caxinde
4. Luagr assim, 2004-UEA
5. A vitória é uma ilusão de filósofos e de loucos, 2005-UEA
6. Forno Feminio, 2009-Kilombelombe
Prosa (ficção)
1. Os dias e os tumultos, 2004-UEA
2. Surreambulando. 2007-UEA



Nas fotos:
Mulher linda no lançamento; mulher poeta Amélia da Lomba e Nguimba Ngola; mais mulheres bonitas; João Tala, o poeta assinando autógrafos; Nguimba ngola e Virgílio Coelho, o editor; Virgílio Coelho, Jáo Tala e Paixão Júnior do BPC; o escritor António Pompílio, Rildo Manuel, jornalista e um amigo; Wiza, o músico e o escritor Kudijimbe. 

29 março 2010

Folha8 15 anos na Cultura


Era, na sua génese, literalmente só folha. Foi a impressão com que ficara do novo bissemanário. Passaram os anos e as dificuldades foram-se diminuindo apresentando-nos já um jornal com uma qualidade visual mais atraente. É o folha 8, o semanário.

Aprendi a gostar de ler, pois sempre me sussuravam ao ouvido, “cuidado com esses jornais fofoqueiros”. Eu queria desvendar as ditas fofocas. Comecei a ler compulsoriamente o semanário e por fim gostei da sua linha editorial mais propriamente a página cultural com a qual me identifiquei. Considero o Folha 8 um órgão de informação generalista, independente, vocacionado para as reais questões de Angola e não só.

A página cultural, tem sido um espaço de veiculação das questões culturais do nosso país e não só. Nela, tenho com prazer acompanhado uma variedade de informações.

No espaço poético, leio com prazer os poemas de jovens poetas e de poetas consagrados. Foi o espaço que me prendeu desde a primeira hora. Eu queria publicar meus poemas e recorri-lhe com regularidade. Tenho estado a ver divulgado muitos textos poéticos, alguns ainda não bem conseguidos e outros já com uma dimensão poética madura.

São tantos os artigos que me prenderam ao longo destes anos a ler o Folha8, lembro-me da série recente de artigos sobre escritores universalmente consagrados e pude aprender bastante. Informações sobre lançamentos de livros, breves análises de obras literárias e opiniões sobre a música e o teatro, artes plásticas e outras manifestações culturais.

Além desses, há o espaço Mitosofia em que Patrício Batsikama nos transmite muito conhecimento. Lembro-me agora do texto sobre “O Reino do Ndongo na literatura histórica Kongo” ainda “Em nome de Alla, corte-lhe a mão” e muitos outros artigos de interesse geral.

Não abro mão ao espaço “A língua na boca dos falantes”, superinteressantes dicas de como falar bem a Língua que nos foi imposta pelo colonizador. Quantos erros cometemos? E lá vem o André Mateus a ajudar-nos com suas dicas.

Tem sido uma experiência interessante ler e contribuir para este semanário na sua página cultural. Pude, com o convite do Editor Cultural, o estimado Nvunda Toné, publicar vários artigos, a título de exemplo, “A juventude e sua expressão cultural”, “A decomposição da humanidade e a sobrevivência de Simba Ukolo” entre outros textos.

Só tenho a desejar continuado sucesso ao Folha 8.

26 março 2010

Entrevista no Semanário Independente nº. 102, 20 de Março de 2010

Nguimba Ngola, figura emergente da Literatura Angolana

“Desejo ver maior interacção entre escritores consagrados e jovens”


Apesar das inúmeras dificuldades que os escritores atravessam para ver o seu trabalho publicado, Nguimba Ngola considera que escrever “é uma necessidade, é liberdade”. E sustenta com a frase de Jean-Paul Sartre: “Escrever é uma ação de desnudamento”.
Pai de cinco filhos, vê em Deus a sua fonte de inspiração. A crítica literária não o incomoda, porque gosta de melhorar o seu trabalho, e reconhece que “temos ainda muito poucos críticos sérios e profissionais”.

“Quero ser poeta oh minha mãe/para continuar a amar a vida/porque o poeta oh minha mãe/é um ser divino pactuando com o Eterno/na criação do belo”.
Nguimbo Ngola in “Mátria”.


Por Conceição Culeca

 

IN - Conte-nos o teu percurso até te tornares um escritor e declamador de poesia?

NN – Tudo começou quando frequentava o ensino de base na Escola Grande, no Cazenga. Tornei-me um excelente aluno na disciplina de Língua Portuguesa, o que me levou, em conjunto com os meus colegas da 5ª classe, a participar do concurso inter-escolar do programa televisivo “Quem sabe sabe” da TPA, em 1989.

Depois disso tornei-me um ouvinte assíduo de programas de rádio. É na Rádio Ecclésia, no ano de 2002, no programa “Algures na Noite”, que começo a recitar os meus textos e de escritores consagrados. Em 2005 conheço o movimento poético Artes ao Vivo e frequento com regularidade os seus eventos no Celamar e Docas 8 na Ilha de Luanda.

Naquela altura cheguei a conhecer Lukeny Fortunato, Kardo Bestilo e Dilson de Sousa, jovens amantes da poesia e mentores do projectos Lev´Arte e me associei activamente ao grupo.

Numa das actividades da Brigada Jovem de Literatura de Angola, tive o primeiro contacto com os escritores John Bella, Kudijimbe, António Panguila, Kanguimbo Ananás e o jovem Carlos Pedro, que me incentivaram a continuar a escrever e a ler muito.

IN – É oriundo de uma família de escritores?

NN – Não propriamente. Um tio meu cantava em conjuntos musicais na tropa. Terei tido um antepassado com dons artísticos. Tenho um irmão que está a descobrir-se na música, o Desejo Playa, a minha irmã gosta de cantar. Cantou no coral da igreja e fez teatro por um tempo.

IN – Onde nasceu a sua paixão pela literatura?

NN - É na infância que começo a nutrir o gosto pela leitura e consequentemente pela literatura. Aprendi a ler cedo, na iniciação. Aos sete anos lia um catecismo católico em kimbundo e português para os colegas de catequese na Igreja Católica de Paredes (Kimbinga). Meu pai, Paulo Augusto, o Kivota, foi a grande influência no meu gosto pela leitura. Em 1987 a minha família refugia-se nesta cidade, Luanda, por motivos de guerra. Perdemos todos os nossos bens mas o meu pai preservou vários títulos literários, para o meu deleite. Fiquei triste ao perder o livro de Ernest Hemingway “O velho e o mar”, que ele me havia ofertado. Ele dizia-me constantemente, “minha riqueza são os livros” e esta frase colou bem fundo na minha cachimónia, nunca mais me desliguei dos livros.

IN – Em que ano escreveste o primeiro livro e qual é o título do mesmo?

NN- Não me lembro concretamente quando comecei. Mas, o livro de poesia “Mátria” foi lançado em Julho de 2009, numa edição da Arte Viva.

IN – Normalmente que género de livro escreves?

NN – Sinto-me bem em escrever seja poesia ou prosa. A prosa tem haver com a narrativa onde encontramos o romance, o conto, a crónica. A poesia é mais difícil para mim, apesar da aparente facilidade.

IN – Qual é a sua fonte de inspiração para escrever?

NN- É Deus quem me inspira à acção. Depois, a realidade do meu dia-a-dia e das nossas gentes me dá motivos para agir escrevendo. A mulher é também, muitas vezes, fonte de inspiração, bem como a natureza.

IN – Tens alguém que é visto como o seu ídolo no mundo da literatura?

NN – Não diria ídolo porque aí me acusariam de idolatria (risos), gosto muito do estilo de alguns escritores tal é o caso de José Luís Mendonça, gosto do estilo do Abreu Paxe e do António Azzevas, Carlos Pedro e Nuno Júdice, de Portugal. Em prosa gosto de ler Pepetela, Manuel Rui, Boaventura Cardoso e o kota Wanhenga Xitu, Óscar Ribas; gosto ainda de ler Clarice Lispector, José Saramago, olha estou a divertir-me bastante ao ler o seu livro Caim, e tantos outros bons escritores.

IN – Ser escritor fazia parte dos seus sonhos enquanto criança?

NN – Não. Eu gostava de ler. Lia muito, como disse, influenciado pelo Papá, mas não sonhava vir a escrever também. O bicho ainda não incomodava. Sonhava em ser Padre.

IN – Durante o tempo em que escreves e declamas, qual foi o momento que mais te marcou?

NN – Foi o lançamento do “Mátria”. Os momentos que antecederam o lançamento foram altos também, o encontro com o editor, o estimado Jomo Fortunato, e o seu interesse em publicar o livro, conhecer escritores consagrados cujos livros eu lia avidamente. Agora estou apresentando a rubrica “Sugestões de Leitura” no programa Tchilar da Tpa 2, o que faço com muito prazer e acho pertinente, porquanto visa resgatar os hábitos de leitura na juventude. Considero-o também um momento alto, sem esquecer o grande evento de poesia organizado pelo Lev´Arte, no Hotel Trópico, onde assinei muitos livros.
IN – Ser escritor é difícil?

NN - Ser escritor em Angola é difícil. Acredito que em alguns países também se enfrente o mesmo problema, amando apenas a escrita.

Contam-se os escritores que vendem o suficiente para viver da escrita e, por isso, a maioria, para não dizer todos, fazem ou têm outros trabalhos. Mas ainda assim vale insistir nessa arte que alguns desprezam porque, como disse, escrever é para mim uma necessidade, é liberdade. Escrever é uma ação de desnudamento, disse uma vez Sartre. Por isso mesmo vou continuar a escrever, apesar das dificuldades.

IN – Qual foi a dificuldade que enfrentaste para lançar o teu livro?

NN – Devo dizer que tive um pouco mais de sorte em relação a muitos outros escritores jovens que lançam por sua conta, com muito esforço. O meu editor via-me nas tertúlias e gostou de um poema e sentiu-se motivado a publicar-me depois de ver o trabalho todo. Eu tinha já um patrocínio financeiro, e a editora entrou com o restante valor dos custos de publicação.

IN – Existe algum projecto em curso, para uma nova obra?

NN – Existe sim. Estou a trabalhar num livro há cerca de 4 anos, mas “baralhei-me” com um personagem e encostei o trabalho por ora. Tenho um trabalho já acabado. Sou insatisfeito e estou sempre a rever, e algumas pessoas experientes vão emitindo pareceres. Não devo me apressar porque diz-se que a pressa é inimiga da perfeição, então vou com calma. Vamos deixar as pessoas consumirem o “Mátria”.

IN – Como homem de letras, qual é o seu maior desejo?

NN – Desejo muito ver a nossa geração a abraçar os bons hábitos de leitura. Desejo ver a nossa geração a superar gerações passadas na qualidade das obras. Desejo ver mais valorizada a literatura angolana. Desejo ver a interacção dos escritores mais consagrados com os mais jovens, com aqueles a passarem a sua experiência de uma forma desinteressada. Desejo uma Angola culturalmente independente, conservadora dos seus mais sublimes valores.

IN – Qual é a sua opinião sobre o actual estado da literatura em Angola?

NN – Todo o interessado na nossa literatura vê que há muitos aspectos que apontam para um estado, diria, de crise. E aponto alguns factores que contribuem para essa crise, conforme o olhar de Isaquiel Corí, jornalista e escritor, com o qual concordo. É o caso dos concursos literários, que são uma das formas de incentivo à criação literária, estão reduzidos a menos de 3 prémios. A veiculação da literatura angolana nos mídias é deficiente para não dizer mesmo inexistente, tinha-se o Vida Cultural ou Vida e Cultura, suplemento no Jornal de Angola, sumiu. Há o aspecto das fracas tiragens das obras publicadas que vão de mil ou mil quinhentas. As poucas editoras também têm sua quota de responsabilidade. É preciso publicitar o livro e o autor. Sobretudo o livro. O sistema de ensino é fraco.

A escola devia ser um dos principais canais de veiculação das obras literárias, através de programas de leitura obrigatória. Há também a questão da crítica literária séria e profissional. Há um outro factor responsável pela crise da literatura angolana. O fraco activismo literário, exceptuando muito poucas e raríssimas excepções. Os eventos literário-culturais são raros e dificilmente são frequentados por figuras consagradas das letras.

A Universidade também tem a sua quota parte de responsabilidade. A literatura, em todo o mundo, é objecto de elevados estudos académicos. A literatura é imprescindível ao desenvolvimento humano de qualquer país.

IN - Considera-se escritor ou declamador de sucesso?

NN – Não me satisfaço com pouco, estou sempre procurando superar-me, estudar, ler, ler e ler. A língua é fundamental, tenho estado a estudar com afinco a língua e melhorar a qualidade dos meus escritos, logo, ainda não me considero escritor de sucesso. O sucesso virá a medida que eu for aprendendo mais e mais. Quanto a declamação, é uma outra arte, não me sinto um grande declamador mas estou crescendo.

IN – A crítica literária lhe incomoda?

NN – Não. Eu gosto da crítica mas nós temos ainda muitos poucos críticos sérios e profissionais. A crítica ajuda-nos a ver onde imprimir mais qualidade para que as nossas obras sejam bem conseguidas. Há um vázio nesse sentido. Estimo os poucos que vão tentando uma crítica responsável, tal o caso de Luís Kandjimbo, para citar apenas ele, outros os há certamente e vão tecendo opiniões nos prefácios das obras. Não escrevo pensando neles.

IN - Já escreveste algum livro para crianças?

NN – Não. Não é fácil escrever para crianças e admiro muito os escritores que o fazem. Quem sabe um dia e, porque até se tem escrito muito pouco para as nossas crianças.

IN – Encontramo-nos na febre de filmes e novelas de produção nacional. Tencionas um dia escrever uma ou outra coisa?

NN – Só o tempo dirá. Não é perspectiva de curto prazo. Quem sabe. Estou em desenvolvimento na literatura.

IN - Além de ser escritor, o que mais fazes?

NN –Em mim vive o Nguimba Ngola, que é escritor e poeta, e vive também o Isalino Augusto, que anda a estudar Gestão e trabalha como contabilista.

IN – Despido das vestes de escritor, como tem sido o seu dia-a-dia?

NN – Não consigo me despir das vestes de escritor. Tento sê-lo sempre. Estou sempre lendo alguma coisa, escrevendo alguma coisa. A outra metade em mim procura ficar ao lado da família.

IN – Entramos para a 3ª República. Faça um comentário.

NN – Queremos uma democracia forte. Apelar aos governantes que se empenhem nos seus afazeres pensando sempre no povo. Ainda deve soar as palavras “de ordem” (?) “o mais importante é resolver os problemas do povo”.

IN – Como vives os tempos livres?

NN – Nunca tenho tempo livre, estou sempre fazendo alguma coisa. Estar com a família, ir a praia e ler um bom livro.

IN - Onde passa as férias?

NN – Os poucos dias de férias que vou tirando passo-as aqui mesmo, em Luanda.

IN - Qual é a província que espera conhecer?

NN – Espero conhecer uma boa parte das províncias do nosso país, principalmente as do Sul.

IN – Qual é o estilo de música que mais gosta de ouvir?

NN – Gosto de jazz e blues, reggae, semba, gospel e kuduro.

IN - Qual é o programa de TV que mais gostas de ver?

NN – O Telejornal. Vejo também com prazer o National Geographic e os canais de filmes.

IN - Se tivesses oportunidade de mudar o mundo, o que farias?

NN –Traria o Paraíso aqui na terra.

IN - Vício?

NN – A Internet e apreciar mulheres bonitas.

Perfil

Nome completo: Isalino Nguimba da Cruz Augusto.

Filho de: Paulo Augusto e de Fátima Domingas da Cruz.

Data de Nascimento: 27/12/1976.

Estado Civil: Casado

Naturalidade: Dembos-Bengo.

Quantos irmãos tem: 9.

Filhos: Sou pai de 5 filhos. A Jaaziel Cassoni, Jael de Fátima, Elizabete Leonor, Joel Lino e o Jamiel da Paz.

Religião: Cristão Evangélico.

País de sonho: Angola. Aqui tem tudo que eu amo (o povo, a cultura, a gastronomia, etc) apesar da miséria social.

Desporto: Basketebol e Futebol.

Clube: Petro de Luanda e Benfica de Lisboa.

Cantor de eleição: Gosto de tantos… Hugo Masekela, Jonathan Butler, Paulo Flores, Bob Marley, Kleber Lucas.

Cor predilecta: Branco e azul.

Animal de estimação: O cão.

O que não gosta de ver nas pessoas: Arrogância, desonestidade, falta de amor ao próximo.

Se estivesse diante de Deus, qual seria o seu pedido: Sempre que estou diante de Deus eu lhe peço perdão e que me ensine sempre a amar o próximo.

Desejo da vida: Ser sempre feliz.

Sabe cozinhar: Não.

Comida que não dispensa quando está à mesa: Funge com qualquer acompanhante.

Bebida: Sumos, refrigerantes e água.

Qual é a marca do perfume que usas: Pacco Rabane, Black, Givenchy.

Virtude: Humildade.

Altura: 1,75 centímetro.

Nº do calçado: 43.

 
Devo revelar que …

Quando consumia álcool, lembro-me de ter adormecido com o rosto sobre o prato de comida, eu todo bêbado.

Um dia no programa Tchilar, o cinto da calça havia rebentado minutos antes de apresentar a rubrica, vi-me aflito pois a calça caía, tive de amarrar a calça com um lenço de bolso: bandeira.

Depois de um fim de semana cansado, a minha chefe apanha-me a cochilar e me confronta, eu repondi-lhe que não estava a dormir mas sim a orar.

Há no São Paulo um restaurante que frequentava com assiduidade, e comia o funge com os dedos. Os clientes estranhavam, olhavam-me chocados. Uma vez um mais velho gostou de ver a cena e pagou a minha conta. Animei-me.

25 março 2010

Ngonguita lança "No Mbinda..."

Conhecí-a num evento poético do Lev´Arte. Exímia declamadora! Encantei-me ao ve-la declamar o poema “Lamento de mãe” do livro Mátria. Daí em diante não mais me desliguei dessa mulher, a Etelvina da Conceição Alfredo Diogo, a nossa Ngonguita que nasceu na cidade de Ndalatando, Município do Kazengo, Província do Kwanza-Norte.

A Ngonguita entrou em contacto com a literatura motivada pela sua avó, exímia contadora de histórias da tradição oral africana. Em 1976, por altura da libertação da Província do Uíge, vê publicado o poema da autoria do seu pai no Jornal de Angola, com o qual ganhou o 2º prémio, num concurso realizado em prol da libertação daquela Província, pela forma excelente como declamou. Ela tem poemas publicados no Suplemento “Vida e Cultura” do “ Jornal de Angola” e no Semanário “ O Independente”.

Ngonguita Diogo, nos brinda com o “NO MBINDA, O OURO É SANGUE”. Embora esta obra seja a primeira que publica, ela tem já 3 livros escritos e em processo de edição. A nossa linda é formada em Administração, e ao longo da sua carreira tem vindo a exercer funções de Direcção, nos vários ramos estatais e privados.
O livro foi prefaciado pelo kamba Luís Rosa Lopes, autor do livro “Uma Maria João e os knunca”. Lueji Dharma em representação da Chiado Editora escreve sobre o Mbinda, “... a autora romanceia uma vivência onde a bondade é confrontada com a maldade que se refugia em feitiços onde o Diabo envolto em enxofre corrompe almas fracas. No Mbinda a lógica de esquemas matreiros, de traições e mentiras é descoberta numa teia de relações onde tudo o que parece não é. O amor é renunciado em troca de ganhos materiais e de uma suposta aparência que nunca pode ser defraudada. A fraqueza de espírito patente nas personagens recriadas acaba por ser a porta para sentimentos de ódio, raiva, ciúme e inveja. Alimentado pela maldade de algumas personagens o Diabo vence, dando liberdade, ao terror numa quinta onde nem a beleza natural da paisagem contrapõe os actos de violência que ali se desenrolarão...”

Caro leitor, o lançamento do "Mbinda..." foi deveras uma festa. Valeu termos esperado demoradamente pela chegada dos livros. Enquanto isso o protocolo, onde desfilavam meninas lindas, serviam-nos quitutes da banda enquanto metiamos a conversam em dia. Jornalistas, escritores, estudantes, amigos e familiares da autora, deleitavam-se com o evento que teve momentos altos com o grupo teatral “Tata Yetu” a exibirem-se numa coreografia linda “o terror negro” ou simplesmente a “dança da múmia” como é conhecido entre os amigos. “Filho de peixe é peixe” diz o ditado, aí que o menino mais novo da Ngonguita arranca estrondosos aplausos da plateia quando homenageia sua mãe com um lindo poema e, coroa sua mãe com um arranjo de bonitas flores. A Ngonguita, como era o dia dos pais, também honra seu "velho" que alí se encontrava animado, orgulhoso pela filha que estreia o mundo dos livros. A festa continuo noite adentro, com os últimos convivas a sentirem o peso do Mbinda nas pernas (alguns passaram os limites do champanhe). Eis abaixo extractos do livro da menina:

“...Nas margens fertilizantes dessas fontes, que a natureza plantou no sítio para compensar a sede de quem por aí passasse, brotaram ervas e plantas de estio, regadas pelas lágrimas desses dois olhos. De entre as plantas aí existentes, encontrava-se uma rastejante que deu fruto, não comestível, chamado “mbinda”. Esse fruto depois de seco e esvaziada a semente, apresenta uma cavidade oca, o invólucro é utilizado pelas mulheres para conservar água. Como nesse maravilhoso sítio abundava muito dessa planta a população apelidou o lugar de jimbinda; mais tarde passou a chamar-se simplesmente “Mbinda” nome também adoptado por uma família da região...”

“... A poeira não parava num só lugar, contorcia-se com a surra dos ventos que arrastaram as folhas amarelecidas e secas para se revigorarem nas tetas de Kibungo e Kadibanga, a lua debatia-se aflita, teimosamente mostrou apenas metade do rosto na noite em que o destino coseu a sorte do Kangolo, porque a morte se esqueceu da alma que vadiava errante nos cafezais da sanzala, o vento empurrou-a para se juntar ao menino Kamueji e assim poder vingar-se de quem julgava ter sido o seu agouro...”

“... O breu engoliu a sanzala espalhando-se até aos corações dos homens. O grande império da Dona Kialengukuka, lá pelas bandas do Morro M’Binda, ruiu ao expor o demónio vestido de santo com a alma do Rei do café na mão. Ufolo encantou a todos com o ritmo do seu chinguilar angustiado, enquanto as nuvens da tempestade derramaram todo o seu sangue nos cafezais e o envenenaram...”




Comentário nas fotos:
Capa do livro lançado; Ngonguita Diogo comprimentando o escritor Trajanno Nankova Trajanno visivelmente animada;  mesa onde vemos Lueji Dharma, o escritor e deputado John Bella, a escritora e o prefaciador L.R.Lopes; menina linda do protocolo; o pai da Ngonguita; o Tata Yetu e a "dança da múmia"; a plateia; o filho da Ngonguita; a escritora Marta Santos e a Nana de Almeida da UEA; Nguimba Ngola e a linda reporter da TPA.

Indescritível

- Por quê é que estou a vender esses sacos? Então vou comer o quê, vou roubar? Mas o kota, ainda essa tua pergunta me deixa mais triste do que a vida me faz. Olha, o kota ainda está bem da vida. Dá pra ver a tua barriga a brilhar de tanta mordomia. Eu, deixa só. É só o Deus mesmo que me está já aguentar. Saio quando o sol ainda está a dormir seu sono de rei e eu, um coitado caga na lata, amarrotado de alma tenho de vir aqui com os meus sacos de plásticos e tentar a sorte de ver nos meus bolsos uns míseros kwanzas pra jantar. Estás a ver kota, é uma vida de muita frustração, por isso podes pagar a birra a vontade, ainda tento esquecer lá um poquito só essa miséria de vida. Mas mesmo a frustração, a miséria, esses mambos mesmos, são teimosos. Ainda posso beber lá mas vem outra vez nas calmas me fazer barulho nos ouvidos. Ainda a senhora lá em casa, não ela também foi na zunga mesmo, vamos chegar logo e ver quem fez mais kwanzas e ai vamos juntar já e comprar lá qualquera coisa pra jantar. Sabes, é muito sofrimento, é indis quê? Possa essa palavra dos dicionários está difícil de dizer.

- Indiscritível.

- É isso mesmo kota, tipo custa dizer. Então agora escuta só mais essa. A minha mulher ontem vem me dizer que a zunga está dar pouco é melhor só mesmo sair também a noite com as outras e fazer os coisos, negociar lá a mbunda. Filha da puta. Eu quase que lhe atirei o rádio que estava na mão mas, prontos engolí mesmo só e depois estamos no mês das mulheres. Não quero ir preso. Mas ela me atirou mesmo de uma forma dura. Agora estou aqui a pensar se ela ainda não começou já a fazer isso. Ultimamente anda a chegar tarde, tarde mesmo. Mas ainda me diz só lá uma coisa. A tal rádio que tinha na mão e que estava quase a atirar na minha mulher, estão lá a falar que um Anjo Mau anda a partir as casas dos pobres na Huíla. Essa é uma maka grande. Eu estava também numa zona aí e o governo me tirou de lá e me deu tenda no Zango, agora a tal tenda também já toda rota e a chuva está a cair que chega. Eu só te pergunto uma coisa. Nós o povo temos mesmo algum valor nesse país? Somos cidadãos ou somos mbora qualquer coisa assim só mesmo. Está certo que querem construir linha do comboio e mas quê também sei lá e os olhos a brilhar porque vão ganhar lá mais dinheiro ainda pra comprar mais jeep, e nós, não era mais correcto construir umas casa assim lá mais ou menos e depois nos tiram? O governo não pode fazer bué de nova vida? Agora no nova vida as casas dão nas pessoas que já tem bué de casa, aka. Olha só kota, essa foto que você tirou é mesmo pra ir mostrar lá minha cara. Eu também quero boa vida tipo a tua. Agora paga lá mais umas birras pra eu ir mbora e deixa dessa tua vida com as mulheres. Assim vai ficar um kota só atoa, mulherengo, adúltero, essa palavra é mais bonita tipo da igreja. Vai lá no vosso governo e resolver os problemas do povo e fala mesmo que o Ndengue Fudido está muito triste com as coisas que andam a acontecer nesse país, agora já na 3ª república. Tipo vamos chegar na república 12 e condições de vida melhor nada. Kota vou bazar dá aí só uns kwanzita e a dama também já vai ver que vendi lá qulquera coisa mais ou meno.

- Até já Ndengue, olha vê se cuidas o que falas ok, não te metas aí a falar políticas.

Ele seguiu seu rumo, entregue ao seu sofrimento e, a cerveja a borbulhar no seu cérebro, ora pintando a dor, ora pintando pensamentos alegres e soltava sorrisos tímidos. O kota enfiou as kilumbas no jeep e seguiu com umas das meninas a apreciar a foto do Ndengue e revivia seu drama, quanto vou ganhar hoje? Quanto é que o kota vai nos pagar? Até quando andaremos nessa vida? É indiscritível.

24 março 2010

Viva a Poesia


O Lev’ Arte é um Movimento Literário que tem a Poesia por ponte e veículo de deslocação para atingir os seus fins; tem por objectivos o incentivo à leitura, criatividade artística, ao gosto pela literatura, bem como a criação de condições para o surgimento de novos talentos literários e a publicação das suas produções artísticas. No dia 21, data promulgada pela UNESCO para ser celebrada como Dia Mundial da Poesia, os levarteanos brindaram a plateia com muita animação.

O que algumas vozes disseram sobre a poesia:

A poesia como manifestação artística e subjectiva, de interpretação personificada e individualista é, num outro ângulo, uma terapia do ego. É uma breve viagem aos recônditos do íntimo. Uma contemplação espontânea do indivíduo relativamente a si próprio. A poesia traduz forte sensação de lazer, e guerra ao mesmo tempo; traduz uma esperança bailarina que não exclui o prazer de dançar com o desespero no mesmo recinto de encenação que é o papel. A poesia traduz os sentidos ausentes no presente; celebra o elo do passado com o futuro. (João Papelo)

A poesia, no seu sentido mais restrito, parte da linguagem verbal e, através de uma atitude criativa, transfigura-a da sua forma mais corrente e usual (a prosa), ao usar determinados recursos formais. Em termos gerais, a poesia é predominantemente oral - mesmo quando aparece escrita, a oralidade aparece sempre como referência quase obrigatória, aproximando muitas vezes esta arte da música. (Wikipédia)

"Mas o que vou dizer da Poesia? O que vou dizer destas nuvens, deste céu? Olhar, olhar, olhá-las, olhá-lo, e nada mais. Compreenderás que um poeta não pode dizer nada da poesia. Isso fica para os críticos e professores. Mas nem tu, nem eu, nem poeta algum sabemos o que é a poesia." (Garcia Lorca)

"A poesia é a arte de materializar sombras e de dar existência ao nada." (Edmund Burke)

"A poesia é a música da alma, e, sobretudo, de almas grandes e sentimentais." (Voltaire)

“Doce poesia

Rosto opaco
Olhar subjectivo
Signos de Paz
Caminhos da alma
Na mudez da noite
Rasgada na Mente
Labirinto de Amor
Suor da caneta
No papel da Mente
Oh doce poesia”
(Nguimba Ngola in Mátria)

“A fotografia é uma arte sim..” - Wagner Dias na Mesa Bicuda

A palavra Fotografia vem do grego φως [fós] ("luz"), e γραφις [grafis] ("estilo", "pincel") ou γραφη grafê, e significa "desenhar com luz".

Por definição, fotografia é, essencialmente, a técnica de criação de imagens por meio de exposição luminosa, fixando esta em uma superfície sensível.

Convidamos Wagner Dias que no seu jeito carioca, pisou o palco do The Kings Club. Amante do surf este fotógrafo assume-se e dedica-se no seu trabalho pois para ele “a vitória vem da vontade de fazer tudo certo”.
Contagiado pelo calor humano e carinho do Lev´Arte, Wagner nos relata o abaixo:


VIDA E OBRA

Quem é Wagner Dias?
Sou produtor de vídeo e Fotografo profissional, editor de imagens e vídeo e natural do Rio de Janeiro, Brasil. Nasci em 11/04/1964.

Como a fotografia entra na sua vida?

Trabalhando com informática desde 1983, a fotografia entrou como um hobby, após terem sido lançadas as primeiras câmeras digitais e impressoras a jacto de tinta no Brasil. A partir de 1997 a fotografia passou a ser a profissão onde nunca deixou de estar ligada a informática na área de edições de imagens e outros itens mais.

Que fotográfos admiras?

Alexandre Oliveira e Wladimir Damaso, por terem sido as pessoas que dedicaram um pouco de seu tempo a me aperfeiçoar no ramo da fotografia.

Qual o melhor momento que fotografou?

Já existiram vários momentos bons, mas um que me lembro foi em uma praia do Rio de Janeiro onde fotografava o surf em um final de tarde com ondas altas, mar revolto e praia deserta, um cidadão arriscou entrar no mar para banhar-se, e afogava-se, comecei a fotografar mas interrompi as fotos para ajuda-lo, quando retornei percebi que só haviam 2 ou 3 fotos do momento, e essas ficaram marcadas pelo fato de já ter ouvido de vários fotografos que a profissão está em primeiro lugar, tive muita satisfação no momento em que cliquei e imediatamente larguei a camera para ajuda-lo, pode nao ter sido a melhor fotografia que fiz mas foi o melhor momento em que podia estar fotografando.

Já lhe impediram de tirar fotos? Como reagiu?

Sim, já me impediram de tirar fotografias, isso é normal no ramo quando são necessárias às fotos em locais não permitidos por leis governamentais e empresas particulares. A reação tem que ser tranquila e sensata, pois isto faz parte da profissão.

Participou de exposições fotográficas? Quais?

Sim, paricipei de uma exposição fotográfica referente as fotos de esportes aquaticos, como o Surf, KiteSurf e WindSurf.

Fale resumidamente de outros trabalhos que faz... 

Por gostar muito dessa profissão na qual eu atuo me dediquei muito a todos os tipos de fotografia, sendo assim estou pronto a fazer qualquer foto que seja necessária. Também faço edições de imagens, criação de lay-outs e impressões de imagens em qualquer formato ou tamanho.

FOTOGRAFIA E ARTE

Há acérrima discussão sobre se fotografia é arte. O que se lhe oferece comentar?

Sim, a fotografia é uma arte sim... Pois assim como um pintor as vezes leva meses ou anos para fazer um quadro, o fotográfo quando sensivel a natureza ou a situações momentâneas tem apenas segundos para fazer esta pintura, pinturas essas que muitas das vezes ficam registradas em nossas mentes e nunca mais nos deixam. Sendo assim, acho que pode-se considerar uma arte.

Que relações pode existir entre literatura e a fotografia?

Relações totais, pois são duas artes ligadas. Imaginem fotos artisticas descritas por belas palavras.

Você tem planos de editar um livro?

Sim, livro este onde as fotos sejam acompanhadas por belos poemas referente as mesmas.

A FOTOGRAFIA E O FOTÓGRAFO

Qual a sua opinião sobre a invenção da fotografia, foi Louis Jacque Mande Daguerre ou Joseph N. Niepce?

Considerando o que a história diz, que no século IV a.C., o grego Aristóteles observou algo que o fascinou: a luz que entrava por um pequeno orifício projectava a imagem exterior ao contrário. Em seguida Leonardo da Vinci descreveu uma câmara escura portátil, modelo com um espelho e uma lente, usado pelos artistas do século XVI, para projectarem imagens. Mas não sabia ainda como fixar as imagens. Em 1829, o francês Niepce revestiu uma chapa de metal com substâncias químicas sensíveis à luz e, utilizando uma câmara escura, projectou uma imagem na chapa, a exposição durou oito horas e ele assim fixou a primeira fotografia. Em 1839, Daguerre aperfeiçoou este processo, criando um aparelho em que a exposição era só de 30 min, o problema é que esta máquina pesava 50 Kg. Em 1841, o inglês William Fox Talbot inventou um processo de produzir fotografias em negativo do qual se podiam obter as reproduções que se quisesse a preto e branco, e assim por diante até os dias de hoje.

Então minha opinião é que efetivamente não houve um inventor da fotografia, isto foi um processo de longos e longos anos, sendo aperfeiçoado cada vez mais pelo homem.

Fazer fotografia é apenas apertar o disparador?

De jeito nenhum, uma fotografia tem que ser trabalhada, apesar de certos momentos o fotografo ter muito pouco tempo para isto, as vezes tendo apenas segundos. Acho que o verdadeiro profissional sempre se preocupará com este detalhe e por último, o simples apertar do botão de disparo.
O que determina se um fotógrafo é amador ou profissional?

A preocupação com cada fotografia que vai fazer, o carinho com que faz isto e o conhecimento técnico em todas as formas, tanto de ambientes onde a foto será feita como da tecnologia a explorar de seu equipamento.
Que especialização na fotografia mais aprecia? Fale um pouquinho das demais especializações.

Meu conceito sobre as especialidades da fotografia giram em torno da luz, acho que um fotografo que sabe trabalhar bem seu equipamento em consequencia da iluminação que se encontra no momento da fotografia ele pode ser considerado um especialista em qualquer tipo de foto. Seja em estudios, externas, esportes, submarinas, aéreas, publicitárias, eventos, fotojornalismo, etc. Agora a que mais aprecio são as fotografias de esporte, pois os movimentos rápidos e muitas vezes com baixa lumonosidade fazem o fotografo se esforçar mais para ter uma grande foto.

Segundo o fotografo brasileiro Otto Stupakoff “O maior desafio do artista é o de encontrar sua própria voz", já encontrou sua voz na fotografia?

Eu não diria encontrar sua própria voz, mas acho que assumir sua própria voz, pois não se criam artistas, nascem artistas, basta que este filho da natureza consiga no meio de tanto capitalismo conseguir assumir e vencer com seus dons. É o que procuro fazer dentro de minha criatividade e obviamente minhas limitações.

Que obstáculos enfrentam os fotógrafos?

No meu ponto de vista é o mercado de trabalho, na maioria das vezes, não dar o devido valor a uma fotografia profissional, achando, muitas vezes, que a fotografia não passa de um simples click no botão de disparo.

MULTIMÍDIA

Como pode um escritor, poeta ou músico tirar proveito da multimídia digital?

O proveito pode ser tirado de muitas formas, seguem alguns exemplos: Um livro de poesias com um CD anexo onde o leitor poderia escutar a poesia ao mesmo tempo que lê seu livro e visualiza as fotos, Cartões de visitas digitais, em forma de CD, onde podem ser colocadas suas obras em áudio, vídeo, fotos ou até mesmo escritas, e assim por diante, são muitas as formas de ser tirar proveito da multimidia.

GERAL

Tem contactos com fotógrafos angolanos? Quais?

Muito pouco, mas posso citar um que realmente mantenho contacto, é Paulino Damião (fotojornalista do Jornal de Angola), onde já fizemos muitas fotografias juntos aos arredores de Luanda, e que hoje já se tornou um grande amigo.

Fotografou em Angola, Conta-nos a experiência.

Sim, experiencia magnifica fotografar em Angola, principalmente aos arredores da cidade, onde encontrei pessoas vivendo o dia a dia com felicidade independente de suas situações, trajes diferentes, paisagens belas e diferenciadas.

O que quer deixar como mensagem para o Lev´Arte e a plateia?

Bom... para deixar uma mensagem preciso primeiro citar a sensação que tive ao conhecer o Lev`Arte e as pessoas que lá estavam. Foi uma sensação de leveza, ver estampado nos rostos de cada um o prazer de ali estarem, e poder sentir a dignidade e carinho de todos, também a vontade interior de cada um em conseguir levar este movimento para frente. Como este tipo de conduta segue meus pensamentos e objetivos a mensagem que posso deixar é a que sempre sigo, que é a seguinte:

A vitória vem da vontade de fazer tudo certo.
Do início ao fim.
De não se permitir errar.
E dar de si o máximo absoluto.

Desta forma acho muito difícil não conseguir atingir nossos objetivos. Muito obrigado a todos.

19 março 2010

Feliz Dia dos Pais

O dia dos pais é celebrado em várias partes do mundo. Nem sempre esse dia para honrar os pais é o mesmo em todos os países. Os costumes e tradições realacionados ao dia também são diferentes em vários países.
Encontraram-se registos do dia dos Pais nas ruínas da Babilônia há mais de 4 mil anos. Um jovem chamado Elmesu moldou em argila o primeiro cartão. Desejava sorte, saúde e longa vida a seu pai.

Países que foram culturalmente influenciados pela igreja católica, celebram o dia de São José em 19 de Março. Em 1870, o papa Pio IX o proclamou "O Patrono da Igreja Universal" e, a partir de então, passou a ser cultuado no dia 19 de março. Em 1955 Pio XII  fixou o dia 1º de Maio para "São José Operário, o trabalhador".

Descendente de Davi, São José era carpinteiro na Galiléia e comprometido com Maria. Quando Maria recebeu a anunciação do anjo Gabriel de que daria à luz ao Menino Jesus, José ficou bastante confuso porque apesar de não ter tomado parte na gravidez, confiava na fidelidade dela. Resolveu, então, terminar o noivado e deixá-la secretamente, sem comentar nada com ninguém. Porém, em um sonho, um anjo lhe apareceu e contou que o Menino era Filho de Deus e que ele deveria manter o casamento. José esteve ao lado de Maria em todos os momentos, principalmente na hora do parto, que aconteceu em um estábulo, em Belém.

Hoje os tempos são de uma grande correria, o que tem afetado as familias. O pai passa mais tempo na rua do que em casa com os filhos, na louca busca do sustento. No entanto há pais que não estão se importando com o arranjo familiar e não assumem seu papel de pai. Ai os filhos andam a deriva sem orientação ou escassa que a mãe dá pois ela também vai à rua em busca de comida. No livro de poesia “Mátria”, escrevemos um poema “Flores do Lar” que ilustra este facto;


Naquele tempo
germinava
pai
filho
mãe
no vaso da minha mesa

Hoje secou a semente
é a praga do corre aqui e acolá
que sugou as flores do lar

E amarrou-as nas grades
da falta de tempo

(O tempo é um bem escasso)


Não sou um grande exemplo de pai, mas tenho me esforçado a sê-lo procurando ser amigo dos meus filhos e educar-lhes nos caminhos virtuosos. É deveras tamanhã a alegria de vê-los a crescer. No dia 11 de Março, eu me tornei pai pela 5ª vez, (enchei a terra e multiplicai-vos... ?) recebí o Jamiel da Paz. A tarefa de cria-los e educa-los é gigantesca atendendo as circunstâncias em que vivemos. São várias as dificuldades socio-económicas neste país e muitos país lutam para o sustento material e espiritual dos filhos.

Papás angolanos, não importa as dificuldades, vamos assumir nosso papel e reflitamos nas dicas abaixo:

1. Passe tempo com seus filhos – “É mais fácil falar do que fazer”,  poderemos pensar mas, como indica Deuteronômio 6:7, não há o que substitua passar tempo com os filhos.

2 . Ensine valores corretos aos filhos – Um pai aconselha, “Dê muito amor aos filhos e leia para eles”, isso estimula a inteligência dos filhos e, devemos ensina-los a diferenciar o certo do errado.

3. Seja razoável - Apesar de lhes darmos toda a ajuda possível, não ficamos controlando cada ação deles. A Bíblia aconselha os pais em Colossenses 3:21: “Não estejais exasperando os vossos filhos, para que não fiquem desanimados.”

4. Beneficie-se de conselhos confiáveis – Na Bíblia encontramos uma ampla variedade de conselhos sábios (esqueçamos o Saramago que disse que ela é um manual de maus costumes...). Também há bons especialistas, conselheiros familiares sérios que podem ajudar para lidarmos com todos os aspectos da vida dos filhos à medida que estes crescem.

Feliz dia dos pais.