23 setembro 2011

Pedaços de versos



Pedaços de versos soberbos

verbos dilatados e depilados

nos lados mais escuros e sombrios

da vegetação política na clínica

funcional do signo e nas manifestações

das nações geradoras de fome

e o nome esfuma-se na avenida

das aparências mas a carência

na cadência escura da miséria

é matéria de pouca prosa para

quem não prova as pedras amargas

dos dias amargos das horas apagadas

dos minutos magoados no Sistema de Coisas

Ousa pegar os pedaços de versos se as mãos

não aquecerão o dia e o esquema!

É tema de calores nas palavras controversas

diversas colheitas nas reações ditatoriais

e a “lei do estômago” nos caminhos sensorais

produz maquiavélicas imagens na correria do Sol

para atenuar a pobreza ancestral É magistral o plano

da perpetuação do verbo depilado

Libertem os os lábios ó “cagas na lata” para o Sol brilhar

e alegria nos versos soberbos em pedaços...



Mulemba waxa Ngola, 23-09-2011. 01h46´



junto todos os gritos que riscam o silêncio

também junto o canto do galo no momento

pinto a tela escura da noite com 1 vácuo imenso

e perscruto as palavras que não comento

para iluminar os bairros de barro onde

os carros contornam os sofrimentos e os

ferimentos colados no mesmo saco

onde junto os gritos que riscam o silêncio

o canto do galo no momento e a salada

é servida para a alegria do barro

o barro que volta ao barro princípio de tudo

e o fim de TODOS menos o verbo empedrado

na caixa infinita do espírito líricosatírico

princípio de LUZ

é a minha CRUZ

02h11´


Doi-me a cabeça

arranco-a de mim

e a coloco numa cabaça

e adiciono nela uma jarra

de palavras húmidas

retirando paciente Mente

as palavras estúpidas e

qualquer sombra que arromba

as portas nas ruas do pensamento

em tormento

que alívio!

retiro meticulosa Mente a cabeça

da cabaça e numa taça dourada

coloco as palavras exorcisadas

e na tigela de ouro junto os caminhos

eternos

devolvendo a cabeça em mim

com o cabaço no lugar com toda a honra

e dignidade



02h26´

09 julho 2011

na correria do Sol




Mergulho na escuridão da vida
Oiço o sussurro infantil
Oiço o choro da palmeira
“dar à criança tudo o que ela merece”
“dar à palmeira tudo, ela é uma criança”
É lema é tema e o esquema movimenta
As mãos calejadas na correria do Sol
“fumar um pica e deixar a vida me levar”
É canção de consolo nos cansados neurónios
E aos demónios espanta a caça
Oh pai do céu
Não aceito a invenção da pobreza ancestral
- filho meu
Antes de ser deus a pobreza andava com a ganância
Luta unta os pés e corre
Chuta adiante os sonhos o céu é um mistério
e a palmeira é a tua parte
e a criança é a coroa do sonho

19 junho 2011

E lá fora os cães (um cheirinho do livro...)



Nosso itinerário levara-nos a discoteca 2V , local famoso da Cidade no bairro Olhamar. Dançamos duas musicas sensuais. Ela balançava a mbunda ao ritmo da música e eu mantinha-me de pé com movimentos mínimos minhas mãos na cintura dela e a puxava ritmado para mim. Cada vez que roçava em mim, meu mastro dava pulos alegres dentro da jeans.

- Amor vamos embora, já não suporto ver como as mijonas aqui te comem com os olhos.




- Não ligues nenhuma para elas. Não chegam aos teus pés.




Falei mas olhando para a menina de calções curtos que me seduzia com olhares maliciosos. Vi a tatuagem dela na cintura, parecia ser a imagem de um penis que prolongava para além do calção. A curiosidade tomou conta de mim, queria ver o desenho todo para ver onde terminara o prepúcio mas a Chutada estava irritada e, arrastou-me para fora com palavras ofensivas.
De continua diversão, era o cenário do lado de fora da discoteca. Casais aos beijos, jovens perfilados a espera de hamburgueres. As garrafas vazias dançavam sorridentes no asfalto. Alguns policias mais adiante mandavam parar os meninos em fugidias motoboys. Seguimos contra minha vontade pois eu queria continuar la dentro contemplando a menina da tatuagem. O quarto da pensão no bairro burgues esperava por nós.






A Chutada estava com vontade, as birras estavam a subir-lhe à cabeça e estava ardendo entre as pernas, estava certa a dra Maria Manuela que dizia que a ingestão crônica de grandes quantidades de álcool por períodos prolongados de tempo, agride directamente as glândulas sexuais, provocando sua atrofia. O álcool pode aumentar o desejo, mas prejudica o desempenho e a mim não apetecia nada e sentia-me irritado quando ela me tocasse. Tirei a camisa branca e pendurei-a sobre a porta do roupeiro que gritava de dor, ja era sem tempo nova mobilia naquele quarto que escondia muitas imagens. Imagens de senhores mais velhos com duas meninas adolescentes a lamberem-lhe gostoso os genitais, imagens de mulheres casadas receiosas de serem apanhadas pelos maridos também promíscuos, imagens de sexo violento, aventuras sexuais de só ver em filmes pornográficos. Pensei na Sofia Ana, a minha amada que a procuro nas nuvens, a única mulher que fez pular um dia meu coração. A Chutada toda ela enérgica revira-me e puxa assanhada a calça.




- Mexa-se homem que estou pegando fogo. Ela sussurava.




Ganhei alguma energia e cedi, os afagos e outras fantasias fluiam e já me sentindo em prontidão é quando na verdade estava distante do momento, o mastro desobedeceu e caiu flacido entre as pernas da Chutada que começara com os gemidos – não tira essa merda sacana, me dá para valer – em vão, o coiso morrera. Foi então que vi os dedos dela a jogarem toda a frustração na minha cara.

24 abril 2011

Páscoa & Mágoa



Páscoa mágoa água escassa

assadura nos neurónios

espreitando um Salvador

oh dor de míngua luz no túnel fundo

até quando brilhará

no prato de barro da minha mãe?

Páscoa mágoas crucificadas no bolso da Pátria

sem tempo para os filhos

oh Mátria só os teus seios consolam neste dia

afinal Cristo ressurgiu ou não?

então alegro-me na tristeza

contemplando a riqueza dos escolhidos

ou dos oportunistas?

Haja PAZ e PERDÃO e ALEGRIA para todos...

01 abril 2011

sou mbora puta


Corpos vendidos ao preço do prazer

deambulam pelas ruas da cidade cruel

tentando sobreviver...


“uma rápida é X

um broche é Y”


Moral é palavra para museu


“não queremos saber”


seus valores não importam mais

vício ou necessidade?


HIV não é grossa maka

legal é o que há demais

jamais parar com a zunga do corpo

nem que xico dya ngoji nos arrastem


quem vai deter?

quem vai julgar?

quem vai cuidar?


“cala só a tua boca

pois eu sou mbora puta”




12.01.2006



30 março 2011

Pátriafarraecunga


Bocejo

E o hálito é nefasto misérias de fantasmas ruas lamacentas

Onde pululam mendigas almas expostas ao relento

Rebentos amarelados nas costas zungueiras de uma mulher

Seres sem um longe a vista só suor só dor no calor da vida


Pestanejo

Lágrimas de sangue no calor do dia cunga doentia e a minguar

Lágrimas de injustiçadas caminhadas no tribunal das aparências

Lágrimas doentias lamentando a corrida material e as coisas espirituais?

Povo sem pastor na correria abismal que se quedam em corruptos buracos


Festejo

A utopia anunciada numa escondida independência das mentes da pátria

Nos bolsos de uns a alegria da filosófica equação “safa-se quem puder”

Festejo alegrias conseguidas com incendiárias balas não valeu? Haja PAZ

Festejo o desabrochar de infraestruturas conseguidas com brancas mãos


Almejo

Unidas mãos negras (cheira a raça...) batendo palmas de diversidades diferenças

Culturas várias no tronco comum da irmandade Oh como é bom os cambuijis

Comerem no prato vasto e farto e cada um na videira que desenha sombras

De alegrias, festas, nas sextas de homens mitológicos biblicos? É farra oh pátria aproveita



25 de Março de 2011, 21:49



Fonte da foto: angodebates.blogspot.com/

Ressurgir


Ressurgir da letargia

ressurgir do silêncio

Eis-me aqui

Nguilolokienu