15 abril 2012

PAZ, LITERATURA & CULTURA


Nasci no interior do pais. Vivi a experiêcia dos horrores da guerra. Anelava o momento de um dia poder andar livremente nesta Angola imensa. É já realidade.

Todo o ser consciente desejará a paz em vez de a guerra pois ela, a guerra e, todas suas motivações devastam o tecido social e cultural de qualquer nação.

Mas o que é na verdade paz? Como a literatura pode promover a cultura da paz? Que ganhos para a cultura, arte e educação? São questões para levar-nos a reflexão e, o exercício desta abordagem será mera opinião.

Dentre várias acepções da palavra paz, este vasto conceito, quero reter a seguinte: ela é a liberdade sem guerras, é segurança pública, harmonia, concórdia, serenidade, reconciliação. Já cultura é uma das dimensões mais amplas e complexa para o entendimento. o Homem se humaniza produzindo seu mundo, gera sua marca cultural ou as diferentes manifestações culturais. O homem e´ intrinsecamente “homo cultaralis”. Podemos arriscar a ideia de cultura, por referir-se à literatura, cinema, arte, dança, música, entre outras, porém seu sentido é bem mais abrangente. Podemos olha-la ainda como o desenvolvimento, melhoria e refinamento da mente, emoções, interesses, maneiras e gostos, idéias, costumes e habilidades de um dado povo em um dado período.

Sendo assim, devemos buscar uma cultura de paz que se fundamenta na criação, mediação e transferência de valores, idéias, informação, e costumes. Uma cultura de paz encaramo-la como força tanto produtiva quanto reprodutiva que transmite padrões culturais do presente e do passado e uma influência educacional e criativa importante por meio de seu poder de inculcar novos valores, normas, atitudes, comportamentos e é ai que a literatura joga seu fundamental papel de promotora da cultura de paz.

Com a constituição da UEA em 1975, os escritores angolanos foram convocados a permanecerem na vanguarda, face às grandes tarefas de libertação e reconstrução nacional. Foi assim com os predecessores dos novos escritores na altura que, na sua época, exprimiram os anseios das camadas sociais mais vulneráveis, que mais sofreram a exploração do então regime colonial.

Hoje os escritores angolanos têem direccionado suas obras para a tomada de consciência da paz. Ricardo Riso, ao criticar a obra de Roderick Nehone escritor que se revelou nos anos 90 considera que a literatura angolana passou da “euforia comunista dos primeiros anos do país à grave crise que se espalhou nas décadas de 1980/90, motivada pela guerra civil”, realçando que “o fim do sangrento conflito no início deste século e a entrada desenfreada do capital estrangeiro, consequência da estabilidade política, Angola, mais precisamente Luanda, com suas peculiaridades e contradições, sempre foi um terreno fértil para os escritores”.

Todos nós somos hoje chamados a promover a cultura de paz, escritores, poetas, músicos, intelectuais, ativistas cívicos e o povo em geral. O Estado é o maior responsável na viabilização da cultura de paz. O executivo angolano deverá empenhar-se cada vez mais na criação de escolas pois, um pais com a educação em dia ganha maior consciência de paz. No âmbito da formação artística e cultural, dever-se-ão garantir maiores apoios e a criação de infra-estruturas apropriadas para a promoção da cultura como, bibliotecas comunitarias, salas de teatro e apetrechamento de museus bem como a preservação dos lugares e sítios.

É deveras a paz que o povo chama. É graças a paz que tenho a liberdade de me expressar diante dessa “malta” vibrante que dinamiza a cultura.

Viva a paz e a cultura.

Mulemba waxa Ngola, 07 de Abril de 2012.