08 janeiro 2010

Escrever e ponto final


Aqui sentado na minha sofrida cadeira diante do amarrotado laptop, abro o processador de textos e procuro escrever, escrever qualquer coisa. Afinal um escritor escreve e, como me assumi escritor, devo arduamente empenhar-me na tarefa da escrita. Ótimo, o escritor deve escrever até aqui nada de novo. Surge daí a questão, sobre o que escrever?

Há uma infinidade de assuntos para se escrever a respeito. Muitas vezes penso que já se escreveu sobre tudo mas na verdade na verdade, ainda há muito assunto sobre o qual escrever e porque cada escritor escreverá sobre um assunto no seu estilo, terá certamente uma visão diferente da minha. Sendo assim sobre o que vou escrever? Ainda não sei, me fugiu a inspiração. Escrever é uma necessidade do escritor. Verdade que não me abandona o pensamento. Comecei a escrever um romance há já alguns anos e não avanço, bloqueei-me com um personagem, não saio daí. Vou escrevendo alguns poemas de quando a quando e um ou outro artigo para enviar ao meu amigo editor de cultura de um semanário da banda e não mais do que isso. Fui acometido de um apagão mental.

Vou já no quinto dia do novo ano e nada ainda escrevi. Fico aborrecido com essa ideia de não escrever coisa alguma. Nem mesmo um poema medíocre escrevi (quem determina a mediocridade de um poema?). Bem, sendo que um ano tem 365 dias, comprometo-me a escrever cada dia pelo menos uma página, ao final desse período terei escrito muitas páginas de seja lá o que for; (poderá até ser a maior mediocridade literária, mas terei escrito alguma coisa só pela necessidade de escrever) pensamentos, reflexões, crónicas, contos, poesia ou qualquer outra coisa diferente disso, mas tenho de escrever, afinal sou escritor.



Escritor é lutador

No suor dos teus dedos

Escreverás palavras molhadas

Palavras ressequidas escavadas

No túmulo da etimologia

E desenhadas pacientemente

Ainda que alfinetadas na mente

Coloquem pedras na inspiração

Pedaços da nossa tradição nossos

Hábitos e custumes resultarão estéticos

Nunca no diletantismo inconsequente

É comunicar o eu ao outro é necessidade

Escritor é desbravador



Até este parágrafo, não sei ao certo em que género classificarei estes textos, talvez até chamarei a isso um diário ou que seja (preciso mesmo classificar?), tenho de escrever diariamente. Está dito e ponto final.



Mulemba waxa Ngola, 05 de Janeiro de 2010. 22:36´

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