26 fevereiro 2010

Mário Pinto de Andrade: um olhar íntimo



SOU, ASSIM, UM AFRICANO DE ANGOLA
"É justamente porque nasci em Angola, país africano em que vivi e aprendi a conhecer a realidade colonial, que afirmo e defendo a minha angolanidade. E sobretudo: ajudei e continuo a ajudar, na medida das minhas capacidades intelectuais, a fazer respeitar internacionalmente o direito do povo angolano a dispor de si próprio."


Não havia mais espaço para estacionar o meu popó, um guarda permitiu-me estacionar no lugar reservado de uma instituição financeira nas imediações do Chá de Caxinde, mas foi logo me lembrando da “gasosa” no final do evento.

“Boss também vais no Chá de Caxinde, arranja só a minha gasosa”

“Sem makas” , respondi e saí com o pé no nguimbo pois não queria perder parte da apresentação.


“Mário Pinto de Andrade: um olhar íntimo” é o título do livro coordenado pela filha, Henda, do grande nacionalista e homem de cultura, MPA, que foi lançado ontem no centro cultural " Chá de Caxinde", em Luanda.

O livro retrata as angústias e melancolias que Mário Pinto de Andrade viveu longe da família. Deve-se conhecer o homem não só a sua carreira política, cultural ou outra, mas também conhecer a sua dimensão pessoal, e o livro nos abre a possibilidade de ler as cartas de MPA para sua família. É um verdadeiro documento que ajudará pesquisadores, estudantes e todos aqueles que honram os homens que marcaram nossa história referiu Justino P. Andrade.

O centro cultural estava literalmente sem espaço, distintas personalidades e figuras públicas compareceram no local e a família Pinto de Andrade esteve bem representada. A apresentação foi feita pelo economista Justino Pinto de Andrade, membro da família, e depoimentos de Miguel Hurst e o Pedro, sobrinhos de MPA.
Seguiu-se a assinatura de autógrafos e ainda deu tempo para beber um copito e conversar com as ilustres figuras no local. Gostei de conhecer pessoalmente o Sousa Jamba com quem tive alguns momentos de prosa. Ainda bebi algum conhecimento sobre o processo 50 em ligeira conversa com Amadeu Amorim e, logo a seguir, fui ao Kings Club onde ainda apreciei a Mesa Bicuda com o José Moreno da Gama.

Trarei em breve mais dicas sobre as belas e íntimas cartas do livro da Henda Ducados. Mas desde já delete-se com a poesia abaixo de MPA que foi cantada em kimbundu na hora do momento cultural:


CANÇÃO DE SALABU


Nosso filho caçula
Mandaram-no pra S. Tomé


Não tinha documentos


Aiué!


Nosso filho chorou


Mamã enlouqueceu


Aiué!


Mandaram-no pra S. Tomé


Nosso filho partiu


Partiu no porão deles


Aiué!


Mandaram-no pra S. Tomé


Cortaram-lhe os cabelos


Não puderam amarrá-lo


Aiué!


Mandaram-no pra S. Tomé


Nosso filho está a pensar


Na sua terra, na sua casa


Mandaram-no trabalhar


Estão a mirá-lo, a mirá-lo


- Mamã, ele há-de voltar


Ah! A nossa sorte há-de virar


Aiué!


Mandaram-no pra S. Tomé


Nosso filho não voltou


A morte levou-o


Aiué!


Mandaram-no pra S. Tomé







1 comentário:

Val Du disse...

Saudações.
Vida longa ao blog.

Abraços.