SOU, ASSIM, UM AFRICANO DE ANGOLA
"É justamente porque nasci em Angola, país africano em que vivi e aprendi a conhecer a realidade colonial, que afirmo e defendo a minha angolanidade. E sobretudo: ajudei e continuo a ajudar, na medida das minhas capacidades intelectuais, a fazer respeitar internacionalmente o direito do povo angolano a dispor de si próprio."
“Boss também vais no Chá de Caxinde, arranja só a minha gasosa”
“Sem makas” , respondi e saí com o pé no nguimbo pois não queria perder parte da apresentação.
“Mário Pinto de Andrade: um olhar íntimo” é o título do livro coordenado pela filha, Henda, do grande nacionalista e homem de cultura, MPA, que foi lançado ontem no centro cultural " Chá de Caxinde", em Luanda.
O livro retrata as angústias e melancolias que Mário Pinto de Andrade viveu longe da família. Deve-se conhecer o homem não só a sua carreira política, cultural ou outra, mas também conhecer a sua dimensão pessoal, e o livro nos abre a possibilidade de ler as cartas de MPA para sua família. É um verdadeiro documento que ajudará pesquisadores, estudantes e todos aqueles que honram os homens que marcaram nossa história referiu Justino P. Andrade.
O centro cultural estava literalmente sem espaço, distintas personalidades e figuras públicas compareceram no local e a família Pinto de Andrade esteve bem representada. A apresentação foi feita pelo economista Justino Pinto de Andrade, membro da família, e depoimentos de Miguel Hurst e o Pedro, sobrinhos de MPA.
Seguiu-se a assinatura de autógrafos e ainda deu tempo para beber um copito e conversar com as ilustres figuras no local. Gostei de conhecer pessoalmente o Sousa Jamba com quem tive alguns momentos de prosa. Ainda bebi algum conhecimento sobre o processo 50 em ligeira conversa com Amadeu Amorim e, logo a seguir, fui ao Kings Club onde ainda apreciei a Mesa Bicuda com o José Moreno da Gama.
Trarei em breve mais dicas sobre as belas e íntimas cartas do livro da Henda Ducados. Mas desde já delete-se com a poesia abaixo de MPA que foi cantada em kimbundu na hora do momento cultural:
CANÇÃO DE SALABU
Nosso filho caçula
Mandaram-no pra S. Tomé
Não tinha documentos
Aiué!
Nosso filho chorou
Mamã enlouqueceu
Aiué!
Mandaram-no pra S. Tomé
Nosso filho partiu
Partiu no porão deles
Aiué!
Mandaram-no pra S. Tomé
Cortaram-lhe os cabelos
Não puderam amarrá-lo
Aiué!
Mandaram-no pra S. Tomé
Nosso filho está a pensar
Na sua terra, na sua casa
Mandaram-no trabalhar
Estão a mirá-lo, a mirá-lo
- Mamã, ele há-de voltar
Ah! A nossa sorte há-de virar
Aiué!
Mandaram-no pra S. Tomé
Nosso filho não voltou
A morte levou-o
Aiué!
Mandaram-no pra S. Tomé
1 comentário:
Saudações.
Vida longa ao blog.
Abraços.
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