12 outubro 2008

A juventude e sua expressão cultural


Falar de cultura é falar do desenvolvimento intelectual e ou ainda do conjunto de padrões de comportamentos das crenças, das instituições e de outros valores morais e materiais que caracterizam uma sociedade.

Vamos tecer algumas considerações sobre a juventude luandense , que representa a angolana, o seu interesse na cultura e o relacionamento com as instituições culturais. Ela está ávida de se cultivar ou procurar justificar-se ante aos obstáculos e às carências sociais?

A juventude é uma fase muito conturbada, na qual ocorrem os grandes conflitos como por exemplo o desenvolvimento do potencial criativo em relação aos obstáculos que o sistema lhe impõe, quer no sentido material, quer moral. Esses conflitos interferem nas escolhas e na definição da identidade individual e colectiva do jovem que se vê muito pressionado na tomada das decisões que ganham um rosto de angústia ou crise. Sabendo que ele faz parte dos maiores portadores da expressão cultural, há uma necessidade de o acompanhar e apostar na sua formação intelectual e crítica.

A dimensão da cultura e do lazer tem muita importância na sua vida. Hoje, observamos o grande interesse da juventude na fruição de diferentes formas de lazer e de produtos da cultura de massas. Porém, acontece que as actividades de diversão estão cada vez mais acentuadas. Há pouca preocupacão da juventude se desenvolver nas áreas do saber, pois está mais preocupada com a moda, as farras, as grandes raves, álcool e com sexo. A cultura do tchilo, da desbunda, tchilar sem limites é a tónica do momento aliado ao consumismo frenético, escravizados pelos meios de comunicação em massas (principalmente as novelas na televisão) e novos produtos que a tecnologia oferece.

Nas expressões culturais da juventude, a música nos mais variados rítmos (rap, kuduro, kizomba e etc.) tem maior impacto, o mesmo já não se diz do cinema que não tem tido grande oferta, apesar do renascimento apático do cinema amador que constituem a cultura industrializada. Quanto ao usufruto de formas de cultura erudita ou não industrializada tal como a visita aos museus, o teatro, apreciar exposições de fotografias e de artes plásticas ou escultura, a preocupação com a literatura acadêmica e de ficção nota-se certo desprezo o que está a causar miséria cultural no seio da juventude. Estes apontam, por sua vez, a falta de incentivos e referências morais, as carências financeiras e outras como causa dessa apatia intelectual.

A cultura e a relação com as instituições culturais deviam ser encarados com grande valor para a definição do modo de ser jovem, pois nesta fase o jovem tem o vigor e interesses acentuados. No entanto, vemos a queda da juventude na anticultura que os marginaliza. Muitos dessa fase dão pouca importância ao aumento da cultura, o que atrasa o seu desenvolvimento acadêmico e pessoal.

Há necessidade de se pesquisar mais e participar de actividades culturais que surgem como os eventos culturais do grupo Lev´Arte, com sessões de poesia no Instituto Camões, o Artes ao Vivo no Espaço Bahia, a tarde dos poetas da Brigada Jovem de Literatura e outros eventos que são anunciados nas páginas dos jornais e revistas da cidade.
É chamada a intervenção dos pais, e do Estado no resgate dos hábitos de leitura e escrita pelo que deverá haver mais bibliotecas e livrarias, a relização regular de feiras de livros, a realização de concursos de leitura e escrita, a criação de políticas que façam o livro chegar aos consumidores a baixo preço. Assim, conseguir-se-á reduzir o índice de analfabetismo cultural entre os jovens que são uma força motriz para o engrandecimento do País belo e rico em cultura.Mais cultura, mais identidade, mais vida.

Nguimba Ngola in Folha 8, edição de 11 de Outubro.

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