A manhã corre cansada
corre que corre e
suada trilha os caminhos da labuta
com lutas marciais para a vitória da pontualidade
A manhã é um veado
corre que corre e
solta golpes no cavalo azul e branco
adormecido no trânsito maldito
afogado no garrafão
O suor, a catinga, a dor da frustração
exalam palavras ofensivas que estilhaçam
o cérebro amarrotado
A manhã grita estridente
sons cinzentos denunciando o efeito da chuva
que rasga a kianda em pedaços
Nos amassos malcheirosos do uaua e
no ferir dos tímpanos do kuduro malcriado
a manhã chora lágrimas de sangue
clamando aos céus que intervenha
no concerto das entranhas moribundas
e dos esgotos e sargetas sem costuras
A manhã volta a kubata
escondido no pôr do sol
amanhã é outro dia de luta
Nguimba Ngola na Estrada de Cacuaco, 9/11/2006 6:50’
1 comentário:
Boa noite!
Provavelmente tem sido curto o minuto da noite, mas O Grito da Manhã, vem certamente dar voz aos engarrafamentos calados do nosso dia-a-dia.
Kardo Bestilo
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